Jon Fosse é escritor e dramaturgo norueguês e vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 2023.
Li o seu romance Brancura, publicado no Brasil pela Editora Fósforo, e o que primeiro me chamou a atenção foi o número de páginas, 64 apenas. Como apaixonada pelos livros, gosto tanto dos grandes volumes quanto dos curtos, e nestes últimos aprecio a capacidade do autor em conseguir expressar com poucas palavras o que lhe atiçou a centelha de escrever sobre o assunto.
A trama de Brancura se desenvolve num cenário que logo no início se percebe a profundeza que o autor busca atingir: “senti um medo em mim enquanto estava ali com o olhar fixo adiante, fitando o vazio, como se estivesse diante do vácuo. Do nada.” Brancura percorre um caminho que, para mim, traz a densidade da floresta escura à noite como uma metáfora para a busca de si, o embrenhar-se no desconhecido, largando o seu carro, a sua proteção, e indo desnudo em frente. A escrita de Fosse nos leva a querer ir adiante a cada página, numa espera do que vai acontecer, num encadeamento de palavras que traduz o correr dos pensamentos do personagem. O que vai aparecendo nos leva a questionar, com o protagonista, o que é real e o que é imaginação, porém, ao final, fiquei com a sensação de que essa diferenciação não importa. A experiência de se permitir ficar sem respostas, somente absorver a imensidão do quanto desconhecemos, é o que traduz para mim a beleza deste livro.
Como colecionadora de frases, escolhi a minha preferida no texto: “Um luar amarelado e estrelas que cintilam uma luz branca. É lindo. Não existe palavra melhor para descrever, pelo menos não que eu conheça. Lindo.”
Um beijo, Magda Medeiros