Boas-vindas à incerteza!
O livro A biblioteca da meia-noite, de Matt Haig, romancista e jornalista inglês, nos traz a desesperança da protagonista Nora Seed, que vê a sua vida como um acumulado de insucessos. A epígrafe do livro me fisgou: “Entre a vida e a morte, há uma biblioteca – disse ela. – E, dentro dessa biblioteca, as prateleiras não têm fim. Cada livro oferece uma oportunidade de experimentar outra vida que você poderia ter vivido. De ver como as coisas seriam se tivesse feito outras escolhas… Você teria feito algo diferente, se houvesse a chance de desfazer tudo do que se arrepende?”
O desenrolar do livro fluiu bem, embora para mim não foi tão encantador como eu havia esperado a partir do início convidativo, em alguns momentos eu gostaria de refletir mais e não ter tantas respostas. Porém, algumas ideias que o autor traz conduzem para novos olhares, remetem a questionamentos, por exemplo, a razão pela qual em determinadas situações não nos sentimos plenamente satisfeitos. Poderia uma vida ser percebida como valiosa sem que você participe ativamente na sua construção? Ou seja, a sensação de termos experienciado cada oportunidade, cada medo e vitória, pode estar mais relacionada com a percepção de sucesso do que o tamanho e repercussão do resultado. Cair de paraquedas numa vida perfeita, mas que você não percebe como uma trilha que você percorreu, com suas próprias escolhas e erros, pode ser porta de entrada para a angústia e insatisfação.
Também gostei das entrelinhas do Livro dos arrependimentos, um bálsamo para a alma transformar a culpa por um comportamento passado em aceitação da nossa falta de controle sobre determinados variantes. A nossa intervenção pessoal talvez não seja tão conclusiva como imaginamos e ajustar as lentes de grandeza pode aliviar o caminho.
Deixo para vocês o meu trecho preferido do livro: “Não é aquilo para o que você olha que importa, mas o que você vê. E, agora, sua perspectiva estava aberta para a incerteza. E onde havia incerteza havia também possibilidade, qualquer que fosse a aparência do momento presente.”
Beijos, Magda Medeiros