Gosto da ideia de capturar a leveza, mesmo em assuntos difíceis de enfrentar, como uma pena solta no ar que pudesse ser trazida para o cotidiano. É sobre isso que escrevo, enredos que contam histórias de amor e dor, que podem inspirar outras mulheres a darem passos em direção a si próprias e à sua verdade.
Magda Medeiros
Magda Medeiros, escritora.
Escrevo isso e penso no caminho que percorri até chegar aqui, até conseguir me nomear escritora.
Escrevo desde a primeira bolinha torta no papel que me definiu como canhota, escrevo desde as redações que fazia nas aulas de Português e que adorava (recebendo vários meneios de cabeça dos colegas que não entendiam como eu podia gostar daquilo), escrevo desde a adolescência quando me juntava com as amigas e inventava de registrar quem éramos e quais os nossos sonhos.
Escrevo em diários e, mais tarde, em cadernos de terapia, o meu interior tão vasculhado e à mostra de mim mesma que não me deixava outra alternativa senão enfrentá-lo e entendê-lo com palavras escritas.
Escrevo desde sempre. Por prazer e por necessidade. E foi assim que a coragem para me intitular escritora e mostrar a minha voz chegou. Por necessidade.
Cresci em Gravatal, no sul de Santa Catarina, numa família grande, sou a caçula de oito irmãos. Tive uma infância típica de interior, com árvores, rios e brincadeiras. Mudei para Florianópolis pra fazer faculdade de Odontologia e aqui segui a minha trajetória: esposa, mãe, profissional, irmã, amiga e tantos outros papéis.
Com a pandemia em 2020, não consegui dar conta da angústia e do medo, as palavras enchiam linhas que enchiam folhas que enchiam cadernos, mas o amparo não chegava. Como se elas precisassem de outras palavras para terem abrigo e força. Elas me disseram o que eu não via: escrever não é somente sobre se entender, é também sobre compartilhar, trocar, transbordar.
Então procurei um curso de escrita, conheci a minha mentora Dani Brandão, me juntei a outras escritoras do Clube Alado de Escrita, comecei a publicar os meus textos nas redes sociais. As palavras vieram borbulhando, confiantes que eu poderia contar uma história que emerge lá do fundo, daquela parte de mim que também é parte das vidas de tantas outras mulheres: Você se olha no espelho e não se vê. Gosta tanto de uma pessoa que somente ela existe. Você não sabe quem é. Não sabe qual a sua verdade. Eu aceitei o desafio que as minhas palavras-terapeutas me fizeram. Íris d’água é o resultado deste mergulho.
E onde escrevo?
Para encantar as palavras e puxá-las para perto, sigo escrevendo no meu clube de escrita, participo de oficinas literárias, enfrento desafios. Além das postagens de textos de minha autoria nas redes sociais, publiquei o conto “A estação do oceano” na coletânea Palavras Oceânicas, o texto “Chuva que é rio” na coletânea Lendo em dias de chuva da Editora Lura, fiz o prefácio e editoração de um livro da nossa família, Contos da carochinha da Vó Lucinda. Também lançamos uma antologia do meu clube de escrita, a Antologia Alada, com três textos meus: “Codinome esperança”, “Como florescemos” e “O cotidiano mora em mim”. O meu romance de estreia, Íris d’água, foi aprovado numa chamada de originais da Editora Penalux e é com muita alegria que o vejo em pleno voo.